Portugal, um país de deficientes
Devo desde já deixar aqui uma distinção, para evitar confusões e que alguém me destrua a casa. Não me referia a todos aqueles que são portadores de deficiencias. A estes devemos ajudar no que for possível, criar condições para que tenham a vida facilitada neste mundo pouco preparado para pessoas que sejam diferentes e mais frágeis.
Os deficientes a que me refiro existem num número que é comparável a uma pandemia, são todos aqueles cuja falta de civismo coloca em risco a integridade física do próximo. Estes são deficientes de civismo. E não há estatística que nos mostre a verdadeira dimensão do problema. Só mostra os seus resultados.
É na estrada que encontramos o maior número de deficientes perigosos, basta olhar para a rua para vermos, sem ter muito que procurar, deficientes em excesso de velocidade, a fazerem manobras perigosas e a terem condutas, que mesmo que passivas, podem colocar as restantes pessoas em perigo. É vê-los estacionar em cima dos passeios, nas passadeiras, a não pararem quando devem para deixar passar os peões (porque estes deficientes têm sempre prioridade e proteção graças à sua armadura metálica). Existem casos em que eu até sou tolerante. Por exemplo, quando estacionam em cima de passeios de grandes dimensões sem que assim causem verdadeiro transtorno.
É no estacionamento que muitas vezes reconhecemos um deficiente. Até criaram regras próprias de trânsito, como aquela que não considera que um automóvel está estacionado pois tem dentro o condutor (o deficiente em pessoa, ao vivo e a cores) ou um passageiro. Para eles, isto não é um estacionamento mas sim uma paragem. Isto muitas vezes é derivado doutra conduta típica do deficiente, o querer pôr o carro dentro de um supermercado, de uma repartição pública ou de qualquer outro lugar. O azar deles é que estes locais não costumam funcionar em sistema de drive in. Impera o comodismo, o egoismo e a falta de respeito pelo próximo.
Para mim existem atitudes deficientes que não têm desculpa, excepto em situações de emergência. Passo a citá-las: o estacionamento sobre passeios estreitos obrigando os peões a terem de se deslocar pela estrada; o estacionamento em cruzamentos fazendo com que se perca a visibilidade de quem quer passar; o estacionamento indevido dos automóveis dos deficientes em lugares próprios para os portadores de deficiencia. Se as outras situações são basicamente comodismo esta atinge os píncaros da falta de civismo e respeito porque usurpa o lugar a quem dele necessita e que dele tem direito.
Para qualquer um destes casos a Lei deveria obrigar o deficiente a pagar uma coima, e em caso de reincidência deveria obrigar a tirar novamente a carta de condução. E em caso de nova reincidência não deveriam voltar a poder conduzir.
Vivemos num mundo que só está preparado a quem não é portador de uma deficiencia. Experimentem a dar uma volta pela vossa rua de olhos fechados para que tenham uma ideia do que será andar uns escassos metros entre carros sobre os passeios e outros obstáculos que para nós, pessoas "normais", são facilmente transponíveis. Experimentem andar numa cadeira de rodas (ou empurrando um carrinho de bebé) em muitas ruas cujos passeios são estreitos, e que para cúmulo, estão ocupados por automóveis.
O desenvolvimento de um país não se mede só por indicativos económicos ou pelo número de bens que se possui. Mede-se pela forma como a generalidade das pessoas (e das leis) trata aqueles que têm necessidades específicas devido ao facto de serem diferentes. E nisto somos perfeitamente subdesenvolvidos.