Caga Sentenças

Todo o Português caga a sua sentença. Neste espaço venho deixar a minha poia.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Tenho duvidas

Esta semana, vi no noticiário, um grupo de enfermeiros que protestava por melhores condições de trabalho, que proclamavam um contrato de jeito, visto que os contratos que lhes são impostos são de termo certo. Uma moda que pegou com os professores e que agora alastra para outros sectores. Pelo que sei, este caso acontece não só com enfermeiros, mas também com analistas, e provavelmente com qualquer recém contratado de um hospital.
Estas medidas surgem sempre em nome da Santa redução de despesas, usando e abusando da vida pessoal de cada um para o efeito.
Agora, peço a vossa ajuda pra me esclarecer, pois como sabem sou muito maçarico e nada sei sobre economia, gestão e governação.
Será que este acumular de contratos a termo certo não prejudicará a economia em vez de a ajudar?
Vamos ver: Qualquer pessoa que esteja a viver com um contrato de 6 meses não tem condições de planear o futuro, não pode comprar casa ou qualquer outro bem que requira um crédito. Supondo: Um enfermeiro que seja contratado a termo certo por 6 meses, com 3 renovações permitidas, no fim do contrato tem direito ao fundo de desemprego, ou seja, o Estado estará a pagar a um desempregado, 80% do seu ordenado, quando ele podia estar a produzir, certo?
E as vidas das pessoas, ficará praticamente privada de ter uma situação familiar equilibrada, porque afinal, não sabem onde vão viver daqui a 6 meses! Pensando nisto numa escala maior, não teremos uma sociedade mais envelhecida, menos produtiva, mais insatisfeita e injusta?
E aos efectivos, são lhes avaliadas as competências? Soube de um caso, que se passa ainda hoje no Hospital dos Covões, de uma funcionária do hospital, já com muitos anos de "casa", que simplesmente não sabia fazer nada. Não sabia fazer nada, pronto! Era desajeitada, tinha pouco método, enganava-se mais do que acertava, já era unânime que mais valia ela estar quieta, do que tentar fazer alguma coisa, já que ela se enganava até em coisas estupidas como tirar fotocópias. Então num cantinho de uma sala, havia uma mesa e uma cadeira por trás de um biombo. E aí esta senhora, dormitava ou lia umas revistas cor-de-rosa para ajudar a passar o tempo. E recebe cerca de 300 contos por mês, para não fazer nada. Simplesmente porque fica mais caro despedi-la do que mantê-la até à reforma. Agora pergunto: Então e a senhora é intocável? As competências? O serviço? O meu dinheiro :D ?!
E este é so 1 caso. Imaginem quantos mais haverá...
Porque não dar direito ao trabalho a quem quer trabalhar e precisa de estabilizar a vida?
Quanto tempo demorará até que deixemos de ser tratados como numeros, e que nos sacrifiquem a nossa vida para pagar uma divida que não foi contraida por nós? Sim, porque o défice, esse bicho papão que entra em nossa casa, não fui eu que o criei! Porque é que temos que ser sempre nós a pagar tudo? Os senhores estão sempre intocáveis, a função publica continua a ser lenta e burocrática e velha e aumenta-se a idade da reforma.
Há dias, nouto blog marinhense, num post muito interessante sobre a nova prestação para idosos, JPP falava no verdadeiro papel do Estado Social...
Onde é que ele está? Onde está essa justiça?
É que, dou por mim cada vez mais bronco. Quanto mais me tento informar sobre as coisas, mais digo coisas do género, "eles são todos uns gatunos e uns aldrabões e bla bla bla..."
Este meu post soa mesmo a "Olha, este esteve a dormir e acordou agora..." mas acho que isto merece discussão.

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3 Comments:

  • At 12:52 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Ui...tinha que estar o resto da noite a escrever! Mas entendo a tua dúvida.

     
  • At 4:38 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Esses enfermeiros têm sorte de ter um contrato a termo com o hospital!
    Como a Ad. Pública quer reduzir o nº de empregados para reduzir a despesa, não pode contratar mais ninguém, ainda que tenha falta de pessoal em alguns sectores.
    Então, para solucionar este problema, os novos trabalhadores das Comissões de Menores são contratados para trabalhar para a Ad. Pública por conta de empresas de trabalho temporário, ex. Vedior e Psicoemprego, a quem o Estado paga.
    Como toda a gente sabe, fica mais caro comprar ao armazenista que ao produtor, mas este Governo ainda não descobriu isso.

     
  • At 2:31 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    O actual congelamento de admissões na Função Pública, ao invés de reduzir a despesa do Estado, vai aumentar ainda mais os problemas. Um dos mecanismos usados para contrariar o esvaziamento de certos serviços da Administração Pública é a mobilidade de pessoal entre os diversos departamentos do Estado. Assim, extinguem-se organismos que nunca deviam ter sido criados (o que é de louvar), mas os empregados ficam, indo parar a outro qualquer departamento. Temos assim uma função pública cada vez mais velha, menos dinâmica e, fruto desta mobilidade interna, menos adequada ao lugar que vai ocupar.
    Chamem-me comuna mas acho que o mal parte da nossa direita. Que raio de capitalistas são estes que defendem os despedimentos, se o resultado que se alcança (e por todos é esperado) é que teremos menos produtividade e mais pessoas a viver dos subsídios de desemprego e dos rendimentos de inserção?Querem que uma pessoa de 60 anos, com 30 e tal de trabalho, seja produtiva e deixam um jovem recém-licenciado, actualizado, a murchar à sombra do contrato de 6 meses? Como se estimula a economia se os jovens não têm estabilidade para adquirir carro, casa, formar família, ter filhos?
    A economia portuguesa depende muito do consumo interno. Não é com jovens sem poder de compra que a nossa economia vai crescer. Um amigo meu dizia: "Começo a trabalhar e peço empréstimo para a casa, com 65 acabo de pagar a casa e já posso pedir empréstimo para o carro, para passear durante a reforma". Isto já de si é ridículo. Mais ridículo se torna quando as situações precárias de trabalho que nós, jovens, temos de suportar, não nos deixam sequer pedir o empréstimo para a casa!

     

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