Caga Sentenças

Todo o Português caga a sua sentença. Neste espaço venho deixar a minha poia.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Não chames Zé Carlos ao teu filho, porque Marias há muitas!

O titulo pode ter alguma piada, mas o caso que se segue é recente, verídico e de desesperante preocupação.
Acabaram de me contar uma história que se passou no Hospital de Aveiro com uma colega de trabalho da minha namorada.
O marido dessa colega, vamos chamar-lhe Zé Carlos, foi operado de urgência esta semana a uma apendicite aguda, problema relativamente comum, que apesar disso deve ser tratado com o devido cuidado. Cirurgia efectuada, o Ze Carlos estava em recuperação pós-operatória, quando começou a ter febre e dificuldade respiratória.
Como se torna estupidamente comum, o médico e enfermeiros diziam que estes sintomas eram "normais", o Ze Carlos não se deveria preocupar.
Entretanto a febre aumentou e a medicação não resultava e o Ze Carlos começou a ter muito mais dificuldades em respirar, de tal forma que o cansaço começou a ser evidente, e ele adormecia ao tentar falar, não podia tossir para não rebentar os "pontos" da operação.
Os médicos resolveram fazer um raio-X ao Ze Carlos para verificar o estado das vias respiratórias. O médico responsável, disse que ele estava impecável, e que não havia nada de errado no raio X, que ele melhoraria em breve. O Ze Carlos piorava a cada hora, com mais febre e menos oxigénio.
A sua esposa, funcionária do hospital, que conhece os cantos à casa, resolve pedir uma opinião a outra médica por portas travessas, e pediram que se lhe fizesse uma gasometria (exame que avalia o oxigenio e outros gases no sangue) e viram que o ZC tinha apenas 20% de óxigénio no sangue, e que MORRERIA em breve se o problema se agravasse.
O caso foi revisto, e ao verificarem de novo o Raio-X chegaram à conclusão que o médico responsável tinha visto o Raio-X ERRADO. Era de outro paciente. De outro Zé Carlos. Ao verem o verdadeiro raio-X do ZC, verificaram que tinha os pulmões cheios de liquidos, e que o ZC tinha contraído uma pneumonia no bloco operatório.
Foram feitas novas análises (7h30) e lá por essas 10h30 uma enfermeira dava a noticia ao ZC que tinha contraído Gripe A.
A esposa desconfiou da rapidez de resposta das análises, pois sendo ela funcionária (para n ser mto especifico) sabia que essa rapidez era impossivel.
Afinal... era apenas mais uma troca de informação. A Gripe A diagnosticada não era dele, era de outro Ze Carlos. Quando confrontada com o engano, a enfermeira simplesmente que "Marias há muitas" como se fosse perfeitamente NORMAL trocar diagnósticos e fichas de pacientes, como se de gado se tratasse...
Entretanto, depois da verdade apurada, o ZC está a ser tratado convenientemente e está fora de perigo.
Mas isto deixa-me a pensar: Se fosse um de nós, que não trabalha num hospital ou que não tenha acesso a cunhas, TERIA MORRIDO, foi por uma questão de horas e de uma rapida mexida por portas travessas que tal não sucedeu ao ZC.
E seria apenas mais um caso no Correio da Manhã do dia seguinte, e provavelmente um pequeno caso de tribunal de negligencia médica nos 10 anos seguintes.

E é a estas mãos que estamos entregues...

Por isso deixo o repto:
Das duas uma: Ou fortalecem as vossas cunhas no sistema de saúde, ou não chamam nomes vulgares aos vossos filhos, pois se forem mais uma "Maria" ou um "Ze Carlos", pode-vos custar a vida.

3 Comments:

  • At 11:38 da tarde, Blogger somemarbles said…

    ora aqui está um assunto que me é verdadeiramente familiar!
    o melhor mesmo é que fortalecer e muito as cunhas dentro dos hospitais!
    porque a única vez que deixei mesmo de fazer algo que o meu pai me pediu, fez com que os médicos do hospital de leiria deixassem morrer o meu pai!
    por isso, gritem, berrem, façam escandalos, comportem-se que nem loucos, porque se hoje eu pudesse voltar atrás (e mesmo que isso não mantivesse o meu pai aqui); juro-vos que tinha desatado à pancada naquela merda daquele Hospital de Leiria!

     
  • At 4:37 da manhã, Blogger ++!++ said…

    o triste é que estamos a falar de seres humanos.
    chamem-lhes técnicos de saúde se quiserem, eu chamo-lhes seres humanos pequeninos que padecem de humanismo.
    A eles lhes digo "daqui ninguém sai vivo" e por isso "lá nos encontraremos".
    Experimentem perguntar a um médico se a ciência já conseguiu definir "Vida". E a seguir perguntem-lhe se a ciência já conseguiu provar a existência da matéria.
    É giro. Gaguejam.
    E digo-lhes: "a morte não existe".
    E ficam a olhar para mim com medo.
    Porque sendo verdade (como entendo que é)...o "lá nos encontraremos" revela-se como um bom "antibiótico" para a falta de humanismo.
    : )

     
  • At 12:01 da tarde, Blogger Unknown said…

    escolheram a profissão errada. Deviam ter ido para mecânica automóvel ou industrial em vez de medicina.
    Ser médico pressupõe um forte sentido o humanista, quem não o tem, deve antes ir diagnosticar automóveis ou qq coisa assim.

    E dessa falta de humanismo resulta o desleixo, que resulta em incompetencia. O que me choca mais (ainda!!!), é o facto de que a culpa acaba por morrer solteira, fruto de um sistema organizativo corrupto. Com cargos, interesses e compadrios, que não se tocam nem acusam, com uma mistura de protecção do próximo com medo do superior hierárquico, em que todos se encobrem.

    Para teres uma ideia, na secção onde a m/nam trabalha, há auxiliares (operários de hospital), há tecnicos(licenciados, mas são as formigas obreiras), há os mesmos tecnicos de categoria "superior" (por antiguidade) que são praticamente intocáveis, há chefe de secção, que trata da parte burocrática da secção (e é muita!), e depois há assim umas espécies raras, como uma bióloga, por ex. que é tratada como se fosse médica, faz trabalho de tecnica, e não é chefiada pelo mesmo chefe da secção onde trabalha.
    Ou seja, o chefe dela não avalia o seu trabalho, nem ninguém dentro da secção pode ser chefe dela. O que faz com que possa chegar às 9h30 para trabalhar, quando o horário é às 9, pode almoçar à hora certa com gente a morrer pelos cantos... e sem que ninguém tenha autoridade para lhe dizer nada. E ganham muito bem.

    Se multiplicarmos estes casos, por todas as esquinas de todos hospitais do país... resulta numa mixordia valente!!!

     

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