Adeus, Beijing

A festas foi bonita, pá! Terminaram os Jogos Olímpicos de Verão de 2008. Nos próximos quatro anos acabou a nossa chance de ver na televisão outros desportos além do futebol. É pena.

Confesso que assisti aos jogos com a esperança de que alguém tomásse uma atitude em prol do Tibete. Tal como em 1968 aqueles corajosos ergueram mãos dentro de luvas negras em prol dos direitos dos negros nos Estados Unidos. Eu sei que não se deve misturar desporto com política, fica sempre a dignidade do primeiro a perder. Mas sou um mero ser humano, parcial como qualquer outro, e quando acredito que a causa é justa penso que se deve ter coragem.

A Al-Qaeda perdeu uma oportunidade sublime de espalhar o caos no mundo inteiro quando não fez qualquer atentado em larga escala durante a cerimónia de abertura. Com tantos chefes de estado e de governo presentes ( a maior corja reunida desde a Cimeira de Lisboa) um atentado teria decapitado uma boa parte do mundo. Felizmente tal não aconteceu. Fica a promessa para Londres 2012.

É pena que o portuguesito não tenha enchido o país de bandeiras em apoio à nossa selecção como fez durante os Euros de 2004 e 2008. É pena que o portuguesito pouco se interesse pela nossa selecção de para-olímpicos que tão bons resultados costuma trazer. Da última vez ganharam 14 medalhas de ouro! Nada mau.

Ouviram-se críticas acerca dos nossos maus resultados em Beijing (ou Pequim, se preferirem). Nunca a nossa selecção olímpica foi tão numerosa e tão cara. Quatorze milhões de euros apenas para uma medalha de ouro e outra de prata. Em breve hão-de-se pedir satisfações e rolar cabeças. à boa maneira portuguesa. Esquecem-se que o mais importante não é ganhar mas sim participar com jogo limpo, ou como se diz em português fair play. Teimo em acreditar que tal é uma verdade absoluta.

Michael Phelps ganhou mais medalhas de ouro em Beijing que Portugal desde que o nosso país participa nos Jogos Olímpicos. Ou seja desde 1912. A isto chamo Super-Homem. O mesmo Super-Homem que gastou 3000 euros numa noitada em Vilamoura. Deve ter ganho no Algarve a medalha de ouro dos cem metros crawl dentro de Don Perignon.

Desta vez foi a República Popular da China que ganhou o maior número de medalhas de ouro mas entre estas não me constou que tivesse ganho a da modalidade dos Direitos Humanos.