Crítica Pictórica

A tonalidade preto-cinzento-escuro-claro-branco dá um ar eminentemente responsável e sóbrio.
O autor projectou as memórias colectivas da cidade para um futuro provável dos artistas visados.
Memórias essas ligadas talvez à sua juventude dolorosa associada a um misto revolucionário e contestatário nretido numa confusão de sensações envidraçadas.
Toda a industria fascina-o pelo mistério que esta encerra e talvez também pela sua imortalidade crónica. O cartaz não se desliga do campo figurativo, apesar de se afastar da figuração neo-realista, hiper-descritiva e historiada, no entanto subsiste uma narração temática e inclinada ao óbvio incerto e difuso.
A figura humana associada a uma simbologia fálica-industrial passa a ser o tema central que funciona sobretudo, como um pretexto, para o exercício da associação inconsciente da arte do sopro à arte musical soprada, cantada e lambida.
O autor lembra-nos que somos feitos de uma coisa chamada «boca» e que, no seguimento desta constante aproximação sensitiva, a visão que nos é oferecida é um subtil convite a um desvio mágico do olhar desbocado.... A aproximação pictural da realidade do artista não se coloca unicamente na esfera do «audiovisual», mas, e sobretudo, no plano sensitivo e táctil...Há coisas no ar, pressentimentos, festas que se adivinham. Prenúncios de uma manifestação musical por vir...
o sopro a vir-se no canto das mãos vidreiras....
Parabéns ao CISCO.