A tradição ainda é o que era

Se há tradição iraquiana esta será certamente a de dar uma morte violenta aos seus líderes. Hoje, às 6 da madrugada locais, cumpriu-se esta tradição quando Saddam foi pendurado pelo pescoço. Não foi o primeiro e talvez não venha a ser o último.
Esta tradição de morrer por morte não natural começou a 4 de Abril de 1939, quando o segundo rei do Iraque, Ghazi I, morreu num acidente de automóvel. Fala-se em mão estrangeira na sua morte, talvez uma verdade uma vez que o rei tinha simpatias com a Alemanha Nazi e causava incómodo aos Aliados.
O seu sucessor, Faisal II, chegou ao trono aos três anos de idade. Viria a morrer executado a 14 de Julho de 1958 quando o general Abdul Karim Qassim derrubou a monarquia iraquiana.
Qassim tornou-se então presidente até que foi derrubado e executado a 9 de Fevereiro de 1963.
Sucedeu-lhe Abdul Salam Arif o qual morreu num acidente de helicóptero a 13 de Abril de 1966. Outro presidente, Ahmed Hassan al-Bakr (de 1968 a 1979), demitiu-se em favor do seu sobrinho Saddam Hussein. Viria a morrer a 4 de Outubro de 1982 em circunstâncias estranhas, fala-se de assassinato por forças pró-Saddam.
Agora foi a vez deste morrer.
Resumindo e concluindo, o Iraque teve até hoje três reis e seis presidentes. Destes dois reis e quatro presidentes acabaram por morrer de morte não natural. A tradição ainda é o que era...
5 Comments:
At 12:04 da manhã,
Anónimo said…
É verdade. E assim lá se foi um dos maiores torcionários do século XX.
Mas será que a morte de Saddam resolveu (ou ajuda a resolver) os problemas do Iraque?
Este acto será, indubitavelmente, mais um degrau na escalada da imensa barbárie que se abateu sobre o mundo, com destaque para a velha Mesopotâmia.
Como diz a Ana Gomes no 'Causa Nossa'- "Saddam merecia viver para cumprir pena pesada e expiar de forma humilhante as incontáveis atrocidades que ordenou contra o seu povo e outros povos. Para que morresse um dia sabendo que ninguém mais no mundo árabe dava o seu nome a um filho. Em vez disso, cortesia da Administração Bush e governos coligados, morreu confortado por se tornar um mártir para muitos sunitas."
At 12:25 da manhã,
Anónimo said…
já disse há uns tempos atrás por causa de outro gajo que se finou: "Nada como acordar, ligar a televisão e receber uma noticia dessas"! Mais um estupor que se finou!
At 1:32 da manhã,
NaLua said…
Cagador,
não gosto da pena de morte, as pessoas sofrem mais se viverem com a sua consciência.
A morte é sempre alívio para os seres humanos. Estupor ou não, Saddam era humano.
Confesso que me arrepiou ver as imagens da execução.
Grande abraço.
At 6:30 da tarde,
carlos said…
estamos medievais, é o que é.
At 1:40 da manhã,
Chakal said…
Realmente darem ao gajo o prazer de morrer foi o melhor que lhe puderam fazer. Todos sabemos (desde que Cristo morto fez o que Cristo vivo talvez nunca conseguisse) que matar alguém em determinadas circunstâncias é dar-lhe um lugar mais forte na história.
Um Saddam agrilhoado numa prisão teria muito maior impacto positivo que um Saddam morto a defender os seus ideais.
Espero que não aconteça mas cheira-me que daqui a uns tempos surgirão ainda mais fanáticos deste estropício...
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