O futuro

Está visto, para podermos ter uma reforma para quando formos velhinhos vamos ter de trabalhar mais anos e receber menos no final. Em traços gerais este é o resultado do "histórico acordo" assinado entre governo, confederações patronais e alguns sindicatos.
Não é necessário ser um grande especialista económico para chegar à conclusão que algo tinha de ser feito para que a Segurança Social não fosse para a bancarrota nos próximos tempos. Basta juntar 1+2 ou A+B para verificar que com menos mão de obra há menos trabalhadores a pagar impostos logo consequentemente menos dinheiro disponível para distribuir pelos velhinhos. É um facto.
Espera-se que tal resolução venha a salvar a Segurança Social até 2035, segundo diziam nas notícias. E como é que vai ser depois? Está previsto que a população com mais de 65 anos aumente para um terço do total uma vez que a natalidade tem decrescido a olhos vistos nas últimas décadas. Em 2035 quantas pessoas estarão a trabalhar para sustentar os restos do estado social?
Resolveu-se a situação penalizando aqueles que habitualmente são penalizados. Com uma idade de reforma mais tardia isto significará mais anos de desemprego para aqueles e aquelas que tenham o azar de ficar desempregados depois dos 40 anos de idade. A esperança média de vida tem aumentado mas para os mais velhos poderá apenas significar a deseperança média de vida. Os senhores esqueceram-se que a mentalidade vigente no tecido económico é explorar os mais novos e correr com os mais velhos. Santa produtividade. Esquecem-se que muitas vezes os mais velhos são mais experientes e responsáveis que os mais novos. Basta muitas vezes olhar para os nossos colegas de trabalho para chegar a essa conclusão.
Soluções? Talvez não hajam soluções milagrosas para o problema, e principalmente, nem soluções imediatas. Mas que tal incentivarem-se os reformados ao trabalho de forma a tornar estes não só subsidiados mas também contribuintes? Que tal incentivar-se a natalidade de uma maneira séria para que no futuro haja mais mão de obra? Que tal incentivarem-se as empresas a empregar pessoas mais velhas? Que tal criarem-se quotas em relação aos mais velhos numa atitude de descriminação positiva destes?
O "histórico acordo" foi assinado. Em 2035 voltamos a falar acerca disto. Ou talvez até bem antes...