A Europa como miragem turca
Sexta feira 13 passada li duas notícias que no seu conjunto se poderiam complementar. Uma falava acerca do facto de que a Assemblé National (o parlamento dos franceses) tinha aprovado um projecto de lei que criminalizava a negação do genocídio dos Arménios pelos Turcos em 1915. Tal acontece já em diversos países em relação à negação do genocídio dos Judeus pela Alemanha Nazi.
Na outra notícia dizia-se que o turco Orhan Pamuk tinha ganho o Prémio Nobel da Literatura. É claro que ele será tão conhecido cá como o nosso Saramago por lá. O Nobel da Literatura tem destas coisas. Ora o senhor Pamuk é um defensor da causa curda e arménia na Turquia tendo este ano sido levado a tribunal sob a acusação de "desprestígio da identidade turca", como quem diz foi acusado de ter dito umas quantas verdades incómodas. Isto faz-me lembrar o incómodo que certas facções no mui católico Portugal tiveram em relação a ter um Nobel da Literatura ateu, e como um mal nunca vem só, também comunista.
Numa altura em que se fala na adesão da Turquia à União Europeia estas duas notícias dão-me a sensação de que quem não quer essa adesão está a trabalhar nesse sentido. De facto, tenho lido um pouco por todo o lado (a começar pelos blogues) opiniões contrárias à adesão da Turquia. Motivos? Poderiamos falar de ser um país de maioria muçulmana que pretende entrar numa organização de países cristãos. Poderiamos falar de geografia, a Turquia tem apenas uma pequena parte do seu território na Europa (23 764 km2 de um total de 779 452 km2) para além de fazer fronteiras com países tais como a Síria, o Irão e o Iraque. Pela mesma razão poderiamos falar de questões de segurança europeia uma vez que um terrorista que entrasse na Turquia estaria livre de seguir para qualquer ponto da União Europeia.
Para além disto existe a eterna questão do Chipre (onde na parte norte a Turquia inventou a República Turca do Norte de Chipre, um país apenas reconhecido pelo governo turco) e a animosidade histórica da Grécia, com milénios de idade.
Pessoalmente sou a favor da adesão da Turquia à União Europeia. Não reconheço como motivo válido a questão religiosa, uma vez que existem países nossos parceiros onde vivem muitos muçulmanos. Além disso a Turquia é um estado mais laico que Portugal, por exemplo. Nem reconheço a questão geográfica, uma vez que Chipre é tão europeu quanto a Turquia.
É na questão da segurança que para mim reside o busilis da questão. O fantasma do terrorismo é uma questão importante. Não esquecendo a questão dos Direitos Humanos que por lá deixam a desejar.
Por mim podem ser nossos parceiros, mas se não forem capazes de reolver essas duas questões que fiquem como estão. Não fazem cá falta.
Na outra notícia dizia-se que o turco Orhan Pamuk tinha ganho o Prémio Nobel da Literatura. É claro que ele será tão conhecido cá como o nosso Saramago por lá. O Nobel da Literatura tem destas coisas. Ora o senhor Pamuk é um defensor da causa curda e arménia na Turquia tendo este ano sido levado a tribunal sob a acusação de "desprestígio da identidade turca", como quem diz foi acusado de ter dito umas quantas verdades incómodas. Isto faz-me lembrar o incómodo que certas facções no mui católico Portugal tiveram em relação a ter um Nobel da Literatura ateu, e como um mal nunca vem só, também comunista.
Numa altura em que se fala na adesão da Turquia à União Europeia estas duas notícias dão-me a sensação de que quem não quer essa adesão está a trabalhar nesse sentido. De facto, tenho lido um pouco por todo o lado (a começar pelos blogues) opiniões contrárias à adesão da Turquia. Motivos? Poderiamos falar de ser um país de maioria muçulmana que pretende entrar numa organização de países cristãos. Poderiamos falar de geografia, a Turquia tem apenas uma pequena parte do seu território na Europa (23 764 km2 de um total de 779 452 km2) para além de fazer fronteiras com países tais como a Síria, o Irão e o Iraque. Pela mesma razão poderiamos falar de questões de segurança europeia uma vez que um terrorista que entrasse na Turquia estaria livre de seguir para qualquer ponto da União Europeia.
Para além disto existe a eterna questão do Chipre (onde na parte norte a Turquia inventou a República Turca do Norte de Chipre, um país apenas reconhecido pelo governo turco) e a animosidade histórica da Grécia, com milénios de idade.
Pessoalmente sou a favor da adesão da Turquia à União Europeia. Não reconheço como motivo válido a questão religiosa, uma vez que existem países nossos parceiros onde vivem muitos muçulmanos. Além disso a Turquia é um estado mais laico que Portugal, por exemplo. Nem reconheço a questão geográfica, uma vez que Chipre é tão europeu quanto a Turquia.
É na questão da segurança que para mim reside o busilis da questão. O fantasma do terrorismo é uma questão importante. Não esquecendo a questão dos Direitos Humanos que por lá deixam a desejar.
Por mim podem ser nossos parceiros, mas se não forem capazes de reolver essas duas questões que fiquem como estão. Não fazem cá falta.
8 Comments:
At 12:01 da manhã, Anónimo said…
Ignorar a Turquia e rejeitá-la no seio da União Europeia é um grave erro. É lógico que ainda têm que progredir em algumas coisas, tais como nos Direitos Humanos e tornarem-se numa Democracia mais Ocidental e transparente. Mas ao não aderir á Unidade Europeia, a Turquia corre o grave perigo de virar as costas á Europa de maneira irrevogável e assim cair nas mãos dos fundamentalistas, fazendo com que tenhamos um país que pode albergar terroristas nas nossas traseiras. Cabe a nós - Europa - fazer com que um País que tem o potencial e a vontade de ser + progressita e desenvolvido(tanto na Economia como nas Mentalidades)possa singrar e prosperar e tornar-se diferente dos outros países Muçulmanos cuja maioria cai na Ditadura e no Fundamentalismo.
At 12:04 da tarde, Barão da Tróia II said…
Excelente post o teu. Também concordo com a entrada da Turquia, mas os Turcos vão precisar de mudar e muito, porque a Turquia laica é uma miragem, ainda mais pequena que a parte europeia da Turquia, mas adiante essa é questão que se pode resolver. Boa semana
At 1:48 da tarde, Papa Ratzi said…
A Turquia laica não é uma miragem. Por lá leva-se muito a sério a separação entre religião e estado. mais que em Portugal, por exemplo.
Recordo-me de há talvez um ano de ter lido a notícia que uma deputada turca foi corrida do parlamento por utilizar o shador (véu) no emiciclo.
É claro que uma coisa são as instituições laicas do estado outra coisa é a maneira de viver do seu povo. Mas isto é semelhante a qualquer outra parte do mundo, por mais democráticas sejam as instituições falham sempre que o povo em geral não seja democrático entre si. O exemplo recente do Iraque é gritante. Mas noutra escala o mesmo se passa em Portugal.
At 4:40 da manhã, Mac Adame said…
Aqui se apresenta um dos que não querem, de maneira nenhuma, a Turquia na UE. Muitos dos motivos acabaste por os explicar tu no penúltimo parágrafo. Para além disso, ao contrário do que dizes, acho que a questão religiosa é um motivo válido. Dizes, e bem, que há países europeus com muitos muçulmanos. Pois há, e já se viu o mau que isso pode ser. Os ataques de Londres foram perpetrados por muçulmanos lá de dentro (para já não falar dos cartazes, aquando da crise das caricaturas, empunhados por ingratos muçulmanos que o Reino Unido abrigou e a quem deu de comer e que diziam "Destruiremos a Europa"). A entrada de ainda mais muçulmanos na UE fará aumentar os riscos de ataques terroristas.
O caso de Saramago não é comparável ao de Orhan Pamuk. Por muito que Saramago incomode, em Portugal ninguém o consegue levar a tribunal por isso. Já na Turquia, pelos vistos, não é bem assim, o que prova que a Turquia enferma de um mal tipicamente muçulmano: o desrespeito pela liberdade de expressão.
Aliás, o facto de a Turquia fazer questão em negar o genocídio arménio é uma característica tipicamente muçulmana. Na Alemanha, ninguém com responsabilidade política nega o genocídio nazi. Aliás, quem o nega são os muçulmanos (apenas porque as vítimas foram os judeus). Parece-me que há aqui um padrão (tipicamente muçulmano).
Não sou católico nem de qualquer outra religião mas, em pleno século XXI, nenhuma religião me ameaça de morte, a não ser uma (por muito que os europeus politicamente correctos não o queiram admitir): o Islão. A entrada da Turquia só vai contribuir para uma Europa ainda mais insegura. Digo-o com todas as letras: NÃO a mais muçulmanos com liberdade de movimentos na Europa.
At 2:03 da tarde, Papa Ratzi said…
A mim parece que o problema dos muçulmanos na europa se deve mais a uma questão de desenraizamento. É nas comunidades de imigrantes muçulmanos e seus descendentes que surgem os maiores problemas. Penso que nãqo se sentem nem integrados nem bem vindos pelos nativos cristãos. É claro que é inaceitável que tomem acções violentas contra os países que os acolhem.
Existem países na Europa (estou a pensar na Albânia e na Bósnia-Herzegovina principalmente) onde parece não se pôr o problema do fundamentalismo islâmico apesar de terem comunidades muçulmanas bem grandes. Nesses países os muçulmanos são apenas mais um povo, com as suas grandezas e falhas. Mas são tão nativos quanto os restantes.
Não se houve falar muito em extremismo "made in Turkey" talvez porque os Turcos, apesar de muçulmanos, estão mais próximos de nós do que os muçulmanos que vivem no Reino Unido ou em França. De qualquer forma é necessária sempre cautela e principalmente que a Turquia se torne mais europeia.
At 6:38 da tarde, Bruno Monteiro said…
A Turquia nao é de forma alguma um país estável (tal como Portugal, mas por diferentes razoes). pelo contrário. A religiao é forte e o fundamentalismo islamico gera grandes conflitos mesmo dentro do próprio país. as classes estao divididas e nao se percebe muito bem a sua identidade. É nao quero falar do problema dos atentados, nao sei muito bem que dizer. Mas sendo assim também sou contra a entrada da Turquia na Uniao.
At 6:47 da tarde, Anónimo said…
...mas não esqueçer que a Turquia ainda não é um caso perdido! Existe uma maioria silenciosa que é laica e Pró-Ocidental! Virar as costas á Turquia só porque é maioritariamente Muçulmana é um erro e pode, aí sim, fazer com que a Turquia se torne verdadeiramente perigosa! Temos que os aceitar na União Europeia, assim podemos fazer com que eles se desenvolvam economicamente e socialmente e aceitem mais facilmente a nossa visão e afastem-se do fundamentalismo! Confundir Islão com Fanatismo é um erro que "Nós" (Ocidentais) temos tendência em fazer.
At 9:35 da manhã, Anónimo said…
pelos vistos, para além de mim, há mais gente especialista em questões turcas.
ficou contudo por abordar a questão das meias turcas, das toalhas turcas, dos pijamas turcos... e, das cuecas azul turquesa.
atenção: cuide dos seus turcos com soflã, o único que respeita os turcos e as roupas delicadas (lavar a menos de 50º)
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