Caga Sentenças

Todo o Português caga a sua sentença. Neste espaço venho deixar a minha poia.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Algumas considerações acerca da bola

Quem melhor me conhece talvez fique a estranhar o que eu vou dizer em seguida: eu até gosto de futebol. Refiro-me ao desporto, obviamente, e não a toda aquela parafernália de factos que me fazem sentir nojo do que costuma ser o mundo do chamado desporto rei.
A partir do momento em que o futebol se tornou profissional e fonte geradora de riqueza deixou de ser um desporto mas sim um negócio. Assim por que é que tem uma justiça em separado do Direito Civil e Laboral? Quando um jogador agride um outro no seu local de trabalho (o campo) por que é que não leva com um processo disciplinar ou talvez mesmo com um despedimento por justa causa? Por que é que as questões laborais do futebol profissional, tais como a venda de jogadores, não são resolvidas pelo Tribunal de Trabalho? Por que é que os clubes de futebol (leia-se empresas de diversão de massas) acumulam dívidas ao fisco com o beneplácito dos poderes instituídos? Para quando a penhora dos seus bens? E a prisão dos seus empresários quando existe gestão danosa?
Infelizmente o futebol transformou-se em algo que mistura mau negócio, especulação financeira, promiscuidade entre desporto e poder político, corrupção e manipulação de massas. Tal como o velho circo romano. Pão e circo. Transformou-se num foco de violência, desentendimento e destruição da ordem pública. Se este país se fosse algo de decente já teria tratado da interdição do futebol profissional.
Portugal está próximo de ser banido das competições futebolísticas internacionais devido a toda aquela novela do caso Mateus. Sinceramente estou-me nas tintas. Existem outros desportos em que regularmente o meu país sai mais dignificado. Recordo-me de nomes como Carlos Lopes, Rosa Mota ou, mais recentemente, Francis Obikwelu. Para correr não é necessário um pardieiro de provocações e interesses que nada têm a ver com o desporto. Para correr basta ter pernas e se elas forem boas no que fazem Portugal há-de ter muitas vezes a sua bandeira hasteada ao som da “Portuguesa”.

7 Comments:

  • At 2:36 da tarde, Blogger Papa Ratzi said…

    Soluções? Uma operação mãos limpas no mundo da bola. Doa a quem doer.

     
  • At 4:47 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Apoiado Papa Ratzi... Mãos (e pés) limpos precisam-se no mundo do futebol.
    E, sobretudo, é preciso que se faça uma profunda mexida nas gentes que na coisa mandam. São sempre os mesmos e de tanto chuparem na teta até se julgam donos da coisa. Arejamento, necessita-se...
    Mas que a coisa está preta, lá isso está. De qualquer forma, não é por o futebol ser uma indústria que muitos de nós deixamos de gostar dele!!
    Eu, cá por mim, o que acho é que deveria haver muito mais transparência na coisa! E, infelizmente, o que vemos é não haver.

    Poderá o Para Ratzi dizer que este futebol não é desporto. Estou de acordo.
    Este futebol será (só)espectáculo? Talvez... mas eu também gosto de (um bom) espectáculo!

     
  • At 10:18 da tarde, Blogger Unknown said…

    Oh Joaquim, eu até sou como tu, tento vibrar mais com os golos e o jogo, mas infelizmente é impossivel passar ao lado "das merdas k acontecem à volta" do futebol porque é o que a imprensa nos dá. é na radio, é na Tv, é na "Bola" só passam desgraça.
    Mas deixa estar que é de tansos como eu e tu é que eles gostam... da malta que se está a cagar para essas "merdas". Da malta que se borrifa das más gestões de dinheiros (muitas vezes do teu e do meu), das excepções à lei, das "invocações de interesse publico... eles adoram-nos. O Madail e o Valentim até te mandam beijinhos...
    No fundo, depois de tanta tinta jorrada nos jornais e tanta saliva gasta, os cães ladram e a caravana passa. Daqui a 2 semanas quando o Ricardo der um frango pelo Sporting, ou o Nuno Gomes falhar um penalty pelo Benfica nada mais restará do "caso mateus".
    Estou do lado do Papa Ratzi quando ele escrever que o futebol deixou de ser um desporto para ser um negócio. Muitas vezes, num programa de futebol fala-se de tudo menos de bola.

     
  • At 7:35 da tarde, Blogger Mac Adame said…

    A corrupção e o clientelismo são já instituições deste país. O futebol não poderia ser excepção, uma vez que os políticos cada vez se servem mais dele para se tornarem visíveis (veja-se o aproveitamento do Primeiro-Ministro, que vai a jogos da Selecção só para ser visto). Ao atletismo ele não vai. E ainda bem para o atletismo.

     
  • At 10:57 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    ...isto já cheira tão mal, que nem me apetece "ver a bola"....

     
  • At 11:33 da manhã, Blogger Sam said…

    Meus caros,
    Se o futebol obedecesse aos códigos civis do seu país seria impossível organizar torneios internacionais. Para poder pertencer a um organismo regulador como é a FIFA (e como deveriam ser a FPF e a Liga de Clubes), um clube de futebol deve obedecer, antes de mais, às regras dessa competição. O recurso aos tribunais civis por parte dos clubes não faz sentido nenhum. A lei civil não se deve aplicar ao futebol, excepto nas questões laborais, onde os trabalhadores tem direitos e até um sindicato. (podem-se dar por contentes, a minha actividade profissional não tem sindicato). O Gil Vicente que tanto protestou nos tribunais tem meses de salários em atraso. Ironia do destino.
    O futebol é das poucas actividades onde a lei está muito mais a favor de quem trabalha em vez do patronato. Quanto à corrupção, ela existe em todo o lado. Na bolsa, na construção civil, nas autarquias...Mas deixo-vos com este pensamento...Enquanto o gatuno era o Pinto da Costa e por Lisboa se podia apregoar que esse bandido devia era estar preso mais o palhaço do major, tudo corria bem. O mais provável é que o casso fosse arquivado, mas pelo menos lá nos iam enganando com notícias. Quando o presidente do Benfica e o seu ajudante de campo, o Sr. José Veiga foram apanhados em conversetas telefónicas com árbitros (nomeadamente com aquele que deixa marcar golos com as mãos), a coisa piou de outra maneira. Lá apareceu um constitucionalista que oportunamente reparou que havia uma lacuna na lei e o processo esfumou-se diante dos nossos olhos. Dos 6 milhões de benfiquistas e de todos os outros adeptos de futebol. É que, apesar de não dever ser o estado a regulamentar a forma como o campeonato está organizado, a corrupção será sempre corrupção e não há FIFA nenhuma que se oponha a uma limpeza como a que se fez em Itália. Por cá é tudo diferente. O outro falava do sistema e agora já entendo o que ele queria dizer.
    Saudações desportivas.

     
  • At 5:47 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    O engraçado dessa noticia da escuta telefónica do Luis Filipe Vieira sobre o jogo contra o Belenenses para a Taça de Portugal é que se "esqueceram" que valentim Loureiro teve a mesma conversa com o Presidente do Belenenses! Uma coisa é combinar entre 2 Presidentes de Clubes qual o árbitro que gere maior consenso, outra coisa é oferecer putas a árbitros! Coisa que o senhor Pinto da Costa é eximio!

     

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