Democracia "representativa"?
Será que o que temos, hoje em dia, é uma verdadeira democracia?
A democracia partidária que vivemos afasta-se cada vez mais da ideia de democratia postulada pelos gregos. Não é o cidadão que elege o seu representante local, que por sua vez elege o representante nacional. O que temos são grupos de cidadãos, unidos numa estrutura associativa agregada mais em torno de interesses pessoais do que por ideologias, que elegem de entre si as pessoas que "obrigam" o povo a escolher. Há como que uma oligarquia, em que cada feudo (partido) leva o seu lorde feudal (secretário-geral) à apreciação do reino. E o que acaba por acontecer é o povo tentar escolher o Senhor menos mau para o seu feudo.
Não posso deixar de considerar fraco este regime. Embora se possa advogar que é necessário uma estrutura partidária para que se levar alguém a votos (pela necessidade de apoio logístico e financeiro), não deixa de ser curioso que ao povo só seja permitido votar no "rei", sem possibilidade de escolher os "nobres da corte", sejam eles deputados ou ministros.
Que tipo de representatividade tem, afinal esta democracia?
A democracia partidária que vivemos afasta-se cada vez mais da ideia de democratia postulada pelos gregos. Não é o cidadão que elege o seu representante local, que por sua vez elege o representante nacional. O que temos são grupos de cidadãos, unidos numa estrutura associativa agregada mais em torno de interesses pessoais do que por ideologias, que elegem de entre si as pessoas que "obrigam" o povo a escolher. Há como que uma oligarquia, em que cada feudo (partido) leva o seu lorde feudal (secretário-geral) à apreciação do reino. E o que acaba por acontecer é o povo tentar escolher o Senhor menos mau para o seu feudo.
Não posso deixar de considerar fraco este regime. Embora se possa advogar que é necessário uma estrutura partidária para que se levar alguém a votos (pela necessidade de apoio logístico e financeiro), não deixa de ser curioso que ao povo só seja permitido votar no "rei", sem possibilidade de escolher os "nobres da corte", sejam eles deputados ou ministros.
Que tipo de representatividade tem, afinal esta democracia?
15 Comments:
At 7:04 da tarde, JohnSamus said…
Tens razão.
www.boiaodecultura.blogspot.com
At 8:54 da tarde, carlos said…
Democracia parece-me uma palavra querida. Onde se escondem coisas e pessoas. À pala da democracia fazem-se mini autocracias, algumas boas, outras se calhar não. Se eu mandasse era democraticamente poderoso, por agora vou partilhando e discutindo com toda a gente que tem voz, génios e idiotas.
At 12:27 da manhã, Anónimo said…
"Democratia Grega"? Boa ideia! Vamos juntar 10 milhões de pessoas no mesmo sitio para discutir todos os assuntos do Estado! Atenção...TODOS OS ASSUNTOS! Era mesmo lindo...
At 2:37 da manhã, Anónimo said…
O que gostamos realmente é de ditaduras intermitentes.
At 6:42 da tarde, Anónimo said…
oh "lobo mau", revê a "tua"história. olha que os gregos de então,que tinham direito a voto, não eram assim tantos.
oh lobo, tu és mesmo mau, pá...
At 8:44 da tarde, Anónimo said…
Na Grécia Antiga só os "cidadãos" é que tinham direito ao voto! E como todos nós somos "cidadãos"...tinhamos todos direitos ao voto desde que fosemos maiorese idade!!
At 3:21 da manhã, Anónimo said…
Então porque falaste em 10 milhões de pessoas?!
E olha que os escravos - havia GENTE, dentro da Polis, que se chamava assim, sabias? - também não votavam...
nem os "cidadãos" menores de trinta anos...
At 7:14 da tarde, Anónimo said…
Fónix! Os "10 milhões" foi uma maneira de dizer que era muita gente! Não são 10 milhões mas gostava á mesma de ver...sei lá...3 milhões!
At 12:57 da manhã, Chakal said…
@lobomau: se analisares bem o sistema grego, não é todo o cidadão ao molho e fé em Deus (ou nos Deuses). Certo que nem todos eram cidadãos, mas os que o eram reuniam em assembleias locais onde escolhiam um porta-voz (mais ou menos o nosso presidente da Junta), que por sua vez representavam a comunidade local nas assembleias "regionais" (equivalentes às nossas Assembleias Municipais).
O que falha na nossa suposta democracia, em relação à postulada inicialmente pelos Gregos, é que entre as decisões e opiniões locais nós temos uma barreira que os gregos não criavam. Aí, o deputado (fosse municipal, fosse regional) representava realmente a comunidade em que se inseria. E nós temos deputados que representam uma força política. Argumente-se o que se argumentar, isto é terrivelmente redutor. Não se pode pôr 10 milhões numa sala aos berros...mas também não se pode aceitar que cerca de 300 berrem pelos restantes 9.999.700.
E aí a democratia grega soube resolver, há mais de 2000 anos, o que a nossa não quer, sequer, ponderar!
At 1:21 da manhã, Anónimo said…
Oh lob mau: não te chateis de não saber uma coisa qualquer. Ninguém é enciclopédico. O que não deves é simular que sabes.A internet não serve só para "postar"...e depois há as bibliotecas.
é assim: a tua última resposta fez-me lembrar aquela anedota do padre que tinha estado em àfrica, e que era muito mentiroso. a pedido dele, o sacristão amarrou-lhe aos testículos um fio para que fosse puxado sempre que da sua boca saísse uma mentira. Numa das missas ao divagar sobre áfrica contou que foi atacado por uma cobra que tinha mais de 30 metros.O sacristão puxou-lhe o fio e ele emendou, dizendo que 30 não tinha mas que 20 metros tinha, de certeza. novo puxão...novo puxão, até que mesmo morto de dores disse aos seus fieis: nem que me arranquem os tomates, menos de 8 metros é que a cobra não tinha!
ah! já agora: sabias que para além dos MENORES,dos ESCRAVOS, das MULHERES e CAMPONESES,também os "METECOS" (comerciantes ou artesãos) não tinham direitos políticos?
espero que sejas forte como o padre:
nem que te arranquem os ditos cujos,não desças agora dos três milhões..., mesmo sabendo que estamos a falar duma cidade.
aproveito para te confidenciar: eu não sei mais que tu. o que faço é informar-me antes de dar uma opinião por escrito.e mesmo assim algumas vezes erro.
bjinhos
At 1:56 da tarde, Anónimo said…
Acho que há um problema na nossa comunicação. Eu vou tentar explicar melhor.
O método grego só resultava porque era uma Cidade Estado, ou seja, os cidadãos que podiam votar era um número claramente inferiorr ao de um País! O que eu quis demonstrar (de maneira simples) era que aplicando isso num País de quase 10 milhões de pessoas nunca iria resultar devido ao elevado número de votantes. A democracia Ocidental visa resolver esse assunto. Mas Ok! Para a próxima eu apresento a minha ideia com gráficos e estudos analiticos explorados ao mais infimo detalhe e depois até talvez faça uma tese sobre o assunto e publique o resultado numa revista conceituada nos estrangeiro...
At 4:40 da tarde, Chakal said…
Ok lobomau, a democracia ocidental tenta resolver esse problema (de abarcar uma população muito maior) mas a verdade é que os princípios utilizados hoje em dia são exactamente os mesmos. A diferença, substancial e significativa, é que neste momento os nossos representantes regionais (deputados que elegemos para o parlamento) estão a defender não o seu burgo e o seu povo (que o elegeu) mas sim a votar consoante as ideias que o partido lhe impõe. E é aí que eu acho que o sistema deixa de ser democrático. Claro que não estava a dizer para adoptarmos directamente o modelo da Atenas antiga (que depois se espalhou às outras cidades-estado). Estava simplesmente a demonstrar que a nossa democracia deixa de o ser quando os representantes do povo não o representam; andam, sim, a representar os interesses de amigos e co-partidários.
Em suma: estruturalmente não estamos assim tão longe do modelo grego; os actores desse modelo é que, hoje em dia, não cumprem como deviam o seu papel.
At 3:40 da manhã, Anónimo said…
Então não uses o exemplo da Democracia Grega como exemplo de Democracia Representativa! A Democracia Grega é uma Democracia Directa! Foi aí que começou a minha confusão! quanto ao resto até concordo contigo!
At 1:13 da tarde, Chakal said…
Ok, parece que estamos a chegar a um consenso, mas tenho de discordar quando dizes que a democracia grega é directa. É representativa, pois o poder decisório era atribuído por um grupo a um representante, que após reunir na sua assembleia local servia de porta-voz na assembleia estatal e votava pelos que representava (um bocado ao jeito estrutural do colégio eleitoral americano). Não deixa de ser verdade é que os representados eram um grupo muito restrito em relação ao total da população...
At 6:44 da tarde, Anónimo said…
Lê com muita atenção até ao fim o que aqui está e depois diz-me que a Democracia Grega não ficou conhecida pelo mundo como a primeira (e verdadeira) Democracia Directa.
http://en.wikipedia.org/wiki/Direct_democracy
PS- E então Fatinha? Quem é que "simula" o saber?
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