Caga Sentenças

Todo o Português caga a sua sentença. Neste espaço venho deixar a minha poia.

segunda-feira, março 20, 2006

Guerras profilácticas



Conhecer a História pode fazer com que evitemos repetir os erros do passado. Pode igualmente servir para manter vivos ódios ao longo de muito tempo.
Em Setembro de 1938, o primeiro ministro britânico Neville Chamberlain e Adolf Hitler (à esquerda) reuniram-se em Munique. À época, a Europa parecia encaminhar-se para uma nova guerra. E de facto caminhava.
Hitler tinha repetidamente violado o Tratado de Versailles, o qual obrigara ao desarmamento da Alemanha após a sua derrota na Primeira Guerra Mundial. E tinha cada vez mais apetites em relação aos seus vizinhos. Reclamava para a Alemanha a região dos Sudetas, parte fronteiriça da Checoslováquia habitada maioritariamente por alemães.
Para evitar a guerra, Chamberlain cedia às pretensões de Hitler e deixava que os Sudetas fossem invadidos. Não sei se a Checoslováquia foi tomada em conta em relação a este assunto. O que é certo é que a Alemanha não só invadiu os Sudetas assim como o resto do país. O apaziguamento do Acordo de Munique não evitou a guerra, foi apenas um adiar do que veio a seguir.

Faz hoje três anos que uma coligação liderada pelos Estados Unidos invadiu o Iraque. A desculpa de que este país dispunha de armas de destruição massiça serviu para que a invasão fosse justificada perante os olhos do mundo inteiro, uma vez que tal acção não teve a aprovação das Nações Unidas. Para evitar os erros do passado não houve espaço para um apaziguamento e embarcou-se numa guerra preventiva.
Saddam Hussein foi derrotado, apeado do poder e preso, o país foi ocupado por forças estrangeiras que colocaram no poder novos governantes dóceis ao invasor e as armas que serviram como pretexto à invasão não chegaram a ser encontradas. A guerra foi anunciada como terminada bem cedo, mas o morticínio prosseguiu causando ainda mais vítimas quer entre o invasor quer entre os iraquianos do que durante a guerra. E a este ritmo é provável que cause ainda mais mortos do que o regime deposto causou enquanto durou, entre 1979 e 2003.
Desde então realizaram-se eleições democráticas (?) que legitimaram o poder pós-Saddam mas que não pacificaram o país, o qual se vai transformando num Líbano do tamanho de Espanha.
Entretanto as atenções viraram-se para outros países próximos. Primeiro para a Síria e depois para o Irão. Parece que caminhamos para mais uma guerra a ver na televisão à hora do jantar. Mais uma guerra preventiva, pois então. E talvez mais um atoleiro que irá favorecer os vendedores de armas e os interesses estrangeiros. À custa de mais vidas, sejam elas civis ou militares, sejam elas do nosso lado ou inimigas.
Pessoalmente sou contra estas guerras preventivas, porque duvido das suas intenções. Parece-me que a libertação daqueles povos tem um valor muito mais baixo do que a instalação de governos que não sejam incómodos e que permitam o controlo ocidental de mais uma grande fatia das reservas de petróleo. Mas por outro lado, o velho apaziguamento de Munique faz-me pensar que se não tivesse acontecido a história do mundo poderia ter sido bem diferente.

9 Comments:

  • At 11:26 da manhã, Blogger Chakal said…

    Gostava só de acrescentar a que poderá ter sido a primeira guerra preventiva dos Americanos: aquela que levou muitos "sobrinhos" do Tio Sam a morrer nos pântanos e selvas vietnamitas. Realmente a moda da prevenção na guerra já vem de trás. Seria de esperar que a história tivesse ensinado alguma coisa, como na Europa acontece com as sucessivas guerras por que passámos. Mas não; a falta de uma guerra dentro de portas (que não seja do tipo fratricida como a Guerra Civil, afasta a dor, isola o sofrimento apenas aqueles cujos filhos morreram, mas afasta a dor de ver o nosso país, o nosso cantinho do mundo destruído. Não é ver destruição a 5000km de distância que faz aprender alguma coisa. É pena...

     
  • At 6:58 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    E agora, usando o exemplo da 2ª Guerra Mundial vou-vos fazer pensar um cadito: E se tivesse havido uma guerra preventiva contra Hitler e seus comparsas? Também era mau?
    Eu concordo com ataques preventivos de forma a evitar problemas maiores. Não posso é concordar com a forma com que o Governo Republicano dos E.U.A. fez. Parecia feito em cima do joelho com um optimismo ingénuo e extremamente estúpido! Era com apoio Internacional e até mesmo dentro do seio do Iraque (grande oportunidade em 91).

     
  • At 8:59 da tarde, Blogger Cão com Pulgas said…

    Mas agora digam lá: O que é que a Guerra do Iraque preveniu? Os soldados americanos caem que nem tordos numa ingenuidade de meninos ricos. Não têm a moralizá-los a libertação do seu país como a resistência iraquiana. Estão a jogar fora, andam perdidos. São vítimas da arrogância do seu governo. E se esta guerra está longe de estar ganha para os americanos, está ainda mais distante de ser legítima, e isso é o que verdadeiramente me preocupa. Porque o precedente está aberto e a qualquer momento a desculpa esfarrapada da libertação de um país do seu ditador pode surgir a propósito de outras guerras. A comunidade internacional não conseguiu impedir o disparate uma vez, será capaz de o fazer agora? Ou rendernos-emos uma vez mais ao poder dos interesses sujos de crude e às ideologias ultra conservadoras da família Bush? Proponho que façamos uma vaquinha na net para angariar dinheiro para pagar a um tipo que limpe o sarampo ao George W. Quem alinha?

     
  • At 9:10 da tarde, Blogger Unknown said…

    Chamem-lhe guerra preventiva, eu chamo-lhe violação. Os Iraquianos pediram ajuda contra Saddam?
    Querem prevenir, não invadam, respeitem!

     
  • At 10:44 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Cão com pulgas, estou contigo.
    Consegue-se dinheiro para tudo e mais alguma coisa na Net, porque não para esta causa humanitária?

    O gajo disse que queria o terrorista Bin Laden morto e ninguem o chateou muito por isso. Proponho a abertura de uma conta bancária e um site alusivo ao tema de despachar o terrorista Bush.

     
  • At 12:09 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Para Ricardo: Pediram em 91! Mais propriamente os Xiitas. Mas o papá Bush teve medo q o poder caisse nas mãos dos fundamentalistas apoiados pelo Irão e recuou no ultimo minuto. Esta "ajuda" em 2003 veio atrasada 10 anos! E mais uma vez volto a dizer: de uma maneira amadora!

     
  • At 1:28 da tarde, Blogger Chakal said…

    Mas aquela ajuda que foi pedida em 91 não foi dada porque a própria família Bush tinha relações pessoais e empresarias com os Hussein. Basta lembrar que um dos negócios que o George W. ajudou a enterrar (como fez com tudo em que se meteu na vida) foi de uma petrolífera que tinha interesses de exploração em campos petrolíferos iraquianos. Nessa altura, quando as coisas andavam mal, nada fizeram. O absurdo da coisa é que o Iraque foi invadido na altura da sua história recente em que as coisas estavam (pelo menos aparentemente) mais calmas.
    Lobomau: se tivesse havido uma guerra preventiva contra Hitler provavelmente a guerra tinha sido perdida pelos Aliados, já que as forças alemãs não teriam sido dispersas pelos vários teatros de guerra que enfrentou e teria, provavelmente, concentrado esforços em seguraro continente europeu, abdicando dos Afrikakorpse até da ofensiva contra os seus (à altura) aliados russos. E convenhamos que os "Aliados" só se começaram a preocupar com o Hitler quando já havia ataques à Inglaterra (o Blitzkrieg, salvo erro) e já tinha havido ataques aos Americanos por parte do Japão).
    Só é possível prevenir aquilo com que realmente nos importamos. E o grande problema de Americanos e Ingleses é que só se preocupam com o próprio umbigo...

     
  • At 2:09 da tarde, Blogger Papa Ratzi said…

    P precedente da chamada guerra preventiva está longe de ser algo recente, pois já os romanos a faziam.
    Quanto a limpar o sebo ao Bush, preferia que ele fosse levado a um tribunal internacional, talvez do tipo do julgamento de Nuremberga.
    Não podemos mostrar a razão utilizando os mesmos métodos daqueles pulhas que gostariamos de pôr abaixo.
    Já agora, viram ontem o Hugo Chavez, da Venezuela, na TV? Aquilo é um gajo sem papas na língua. Qualquer dia ainda terá uma guerra preventiva no seu país.

     
  • At 7:34 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Tsc, Tsc, Tsc... Carlos Kanfos, a tua teoria sobre a 2ª guerra Mundial tem tantos buracos e erros históricos que até mete dó e chega mesmo a ser patético. Francamente não me apetece enumerar os inúmeros erros que cometes em tão poucas linhas escritas(era humilhação demais). Recomendo uma urgente actualização de história daquela época. É lógico que não posso concordar contigo nesse assunto, seria altamente insultuoso para a minha pessoa.

     

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