Caga Sentenças

Todo o Português caga a sua sentença. Neste espaço venho deixar a minha poia.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Atlas do Mundo: Jambébwe


Jambébwe, um capricho geométrico
Jambébwe, um país no coração de África dividido pela linha do Equador e pelos povos que nele habitam tão dedicados à sua autodestruição.
História
Durante séculos os seus únicos habitantes foram duas tribos de origem banta, os Hitsis e os Bitsis. Com os contactos com o exterior (primeiro com os esclavagistas árabes e depois com os europeus) ambas tribos venderam-se mutuamente aos traficantes de escravos dando assim inicio ao ódio mútuo que ainda hoje perdura.
O país, tal como hoje o conhecemos, não existia até que em 1885 na Conferência de Berlim as potências europeias reuniram-se de régua e esquadro para esquartejar o Continente Negro.
No coração de África desenharam então um gigantesco quadrado a que deram o nome de Hitsibitsiland, situado acima do triangulo equilátero que é o Kassimbatswana.
Logo a colonização teve inicio tendo os europeus efectuado uma perfeita acção civilizadora: substituiram os idolos de pau nativos por santos católicos de pau, obrigaram os nativos a abandonarem os ossos que utilizavam nas orelhas e narizes para trocá-los por brincos e a vestirem-se como na metrópole trocando a confortável semi-nudez pelo calor equatorial debaixo de fato e gravata, obrigaram-nos também a abandonar as suas culturas de subsistência que os alimentavam para passar a produzir apenas produtos não comestíveis, tais como o tabaco e o sisal, destinados à exportação e eliminaram as rivalidades entre os povos nativos debaixo da mira das metralhadoras gatling.
A seu tempo começaram a surgir fomes na população nativa levando ao descontentamento e depois à revolta aberta. Esta degenerou em guerra de libertação com muitas perdas de ambos os lados. No final, os colonos foram expulsos e acotovelaram-se com as suas posses no aéroporto da capital, Colonialville, à espera do repatriamento enquanto se queixavam dos mal-agradecidos.
Hitsibitsiland tornava-se assim independente com o nome de Jambébwe. De facto houve uma verdadeira epidemia de toponímica, mudando-se todos os nomes de locais para nomes africanos. Colonialville passou-se a chamar Njambé.
Mas a indepêndencia não trouxe a estabilidade e logo as rivalidades ancestrais recomeçaram. Todos os anos havia um golpe de estado, sendo um presidente militar hitsi derrubado por outro bitsi e assim sucessivamente.
A estabilidade só veio com a chegada ao poder do general Jonas Kashimbi, um mestiço das duas étnias. Iniciou então um amplo programa de reformas: construiu-se o Aeroporto Jonas Kashimbi, na capital agora chamada Jonasville, para atrair os turistas que nos seus safaris extinguiram toda a fauna selvagem em tempo record, criou-se o Porto Jonas Kashimbi para escoar as exportações, decapitaram-se todos os opositores e fizeram-se eleições livres nas quais invariavelmente o presidente era re-eleito. Afirmando-se "um mero servo humilde do povo de Jambébwe" proclamou-se sucessivamente presidente vitalício, imperador e Deus-Vivo.
Pouco depois o Deus-Vivo morria em mais um golpe de estado e tudo voltou à normalidade com o corropio de militares na presidência, as guerras étnicas e a fome. Mais recentemente surgiu a sida tomando tais proporções que é já garantido que o país estará despovoado dentro de cinco anos no máximo.

O Deus-Vivo Jonas Kashimbi

O que visitar

Se o turista tiver coragem de voar durante dez horas, não contando o tempo de escalas, na companhia nacional, enfrentar uma aterragem num aéroporto crivado de crateras de bombas, conduzir em estradas e picadas apinhadas de minas anti-tanque e salteadores famintos e conseguir sobreviver aos mosquitos portadores de milhentas doenças o Jambébwe tem muito para se visitar. Destaque para o Monte Kilimanjambé (antigo Monte Jonas Kashimbi), as cataratas do rio Jambeze (antigo rio Jonas Kashimbi) ou as muitas aldeias típicas habitadas pelos nativos exóticos.

Uma mãe típica do Jambébwe com uma criança típica.

Sociedade e economia

Os nativos dividem-se em duas tribos, tal como já foi dito acima. Apesar da língua oficial ser a da antiga metrópole ninguém a fala nem a percebe. Por vezes nem sequer têm força para falar as suas próprias línguas.

A alimentação baseia-se em malgas vazias cheias de auxílios humanitários desviados para as dispensas de membros do governo.

A economia, tal como nós a conhecemos, há muito que deixou de existir. Para se conseguir o que quer que seja é necessário pagar um suborno à pessoa certa para de seguida se poder regatear.

Política

A discussão política neste país baseia-se na metralhadora. Geralmente tem razão quem tem a melhor arma. Ponto final.

Uma típica discussão política.

2 Comments:

  • At 9:41 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Tou a adorar estes textos sobre os países! Fenomenal! Continua!

     
  • At 9:58 da tarde, Blogger Unknown said…

    Esse debate politico reportas na foto parece mesmo o debate autarquico da M.G na semana passada. Muuuuiiito viril.

     

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