RTP Memoria
Este fim de semana, tive uma daquelas apoplexias que nos põem à frente do televisor. Entre o espasmo e o pasmo dei comigo a ver a RTP Memória. Num daqueles flashbacks que nos fazem sentir cotas, entrei no saudoso ano de 87. O Narizidrio apresentava mais um dos seus programas de Domingo à tarde. O bom Júlio, no seu inconfundível estilo pau de virar tripas, envergava um sobretudo castanho e uma camisola de gola alta às riscas verdes e laranjas. Dizem que nos estúdios faz muito calor, mas pelos vistos é mentira. A indumentária que fazia lembrar o Freddy Krugger fez-me transpirar só de ver. Na plateia, a cena era desoladora, às vezes penso que só começaram a existir gajas boas nos anos 90. As senhoras usavam penteados vaporosos e vestidos que pareciam sacas de carvão. Os cavalheiros de casacos com chumassos pareciam o espantalho dos Galarós. O cenário então, nunca vira nada igual, tal e qual Beirute depois de um bombardeamento. Neste programa, que agora não me lembra o nome, os artistas residentes interpretavam temas do antigamente. Em 2005, um tipo liga a TV para matar saudades dos anos 80 e leva com a Isabel Campelo a cantar Nat King Cole ou o Tó Leal numa versão de Frank Sinatra. Parece um daqueles telediscos dos Queen onde uma imagem se duplica uma e outra vez até ao infinito. O passado dentro do passado. No verão há que ter cuidado com as salmonelas. Com as salmonelas e com o serviço público de televisão. Ambos podem provocar alucinações.
1 Comments:
At 7:38 da tarde, Unknown said…
Ja tive um flashback desses a ver a RTP memória. O que me chocava mais de ver nesses programas era o facto de serem brutalmente nostálgicos, isto há quase 20 anos!
Já na altura se recordava que "dantes é que era bom", insistentemente.
Tuga, o eterno fadista.
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