Caga Sentenças

Todo o Português caga a sua sentença. Neste espaço venho deixar a minha poia.

terça-feira, julho 12, 2005

Pax Americana

A nossa provincia, Lusitânia, irá enviar um contingente de 150 legionários (ou seja, uma centuria e meia) para uma longíncua provincia do Imperium para promover a Pax Americana.
Os nossos legionários, certamente pagos com pesadas bolsas de sestércios, irão para o Afeganistão, uma das mais recentes provincias e certamente das mais problemáticas.
Aqui vivem os irredutíveis Afegãos conhecidos pelos seus costumes para nós estranhos. Este povo a civilizar encontra-se dividido em diversas tribos que têm como hábito resolver os problemas entre si mesmas ao murro, estalada e pontapé. E têm o mau hábito de receber os seus conquistadores igualmente ao murro, estalada e pontapé auxiliados por uma poção mágica de constituição desconhecida mas que se crê ser uma infusão de fé em Alá e de papoila de ópio.
Diz um ditado nativo:
"Eu e o meu país, contra o mundo; eu e a minha tribo, contra o meu país; eu e a minha família, contra a minha tribo; eu e o meu irmão, contra a minha família; eu contra o meu irmão."
De facto os irredutíveis Afegãos nunca foram um povo hospitaleiro para aqueles que lhes queriam tomar as suas montanhas e vales. No Inverno de 1841, os Anglo-Saxões viram-se cercados em Kabul (a capital da provincia) e sem possibilidade de receber reforços depois de uma guerra de três anos. Para salvarem a pele negociaram a retirada com os nativos. No entanto foram atacados tendo sido massacrados 16 000 anglo-saxões. Decadas depois os Anglo-Saxões regressaram e tornaram a provincia num protectorado (em 1880) até que novamente foram corridos ao murro, estalada e pontapé pelos irredutíveis Afegãos cerca de trinta anos depois.
Mais tarde o Império Vermelho tentou fazê-los seus vassalos mas o seu dominio acabava nos muros das cidades. Foram também corridos saindo com o rabo entre as pernas. Os irredutíveis Afegãos do alto das suas montanhas pouco se interessavam por dialécticas, colectivisações e outras filosofias. Depois desataram à porrada entre si até que os Taliban estabeleceram a lei e a ordem: mulheres de burqa, homens de barba, budas sem cara.
Finalmente o Imperium correu com os Taliban e estabeleceu com sucesso, depois de bombardear um dos países mais pobres do mundo, a Pax Americana com um governador a condizer eleito democraticamente (mais ou menos...). Os noticiários pouco já falam da provincia, fazem-nos esquecer que a guerra ainda não acabou. Do alto das montanhas os irredutíveis Afegãos continuam de gládio em punho prontos a dar porrada a quem por lá passe, venha de dentro venha de fora. Do alto das suas montanhas não me parece que vão ganhar em meia dúzia de anos a democracia que por cá demorou séculos a conseguir.

12 Comments:

  • At 3:49 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Os meus parabens pelo Excelente texto (com o qual concordo).

     
  • At 7:39 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Podiam pedir ajuda ao Asterix e ao Obelix...

     
  • At 8:46 da tarde, Blogger Cão com Pulgas said…

    És grande! Papa Ratix!

     
  • At 9:43 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Pffff... excelente texto?! Nunca leram os "Poemas da borracheira escritos por Anibal Trincheira"!

    Ratzi, quero ser o teu agente, tu escreves, eu facturo! :D

     
  • At 7:42 da manhã, Blogger mg said…

    No Iraque é a guera do petroleo, no Afeganistão será a guerra do ópio?

    Parabéns Ratzi.

     
  • At 7:13 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    PAX AMERICANA=PAX ROMANA? Parte 1

    Gostei muito da tua analogia entre o Império Romano e a América. Confesso que também já tinha pensado nisso, mas não numa perpectiva filosófica e não tão irónica como a tua. A minha teoria é mais geopolitico-estratégica-histórica, ou seja, será que vivemos os ultimos tempos de uma Super-Potência Mundial ou a América ainda está para durar? Analisemos os factos: O Império Romano foi a maior potência da altura no mundo conhecido e influenciou inumeras culturas cujas repercussões duram até agora. A sua cultura era forte e altamente eficiente, aumentando o desenvolvimento por onde passavam. Podiam ser extremamente brutais para o inimigo ou para quem os enfrentasse, mas apesar de tudo seriam bem mais “civilizados” que os seus oponentes. Foi um império que durou centenas de anos vindo a morrer devido ao seu desleixo e corrupção mas principalmente porque começou a ser atacado por várias raças que almejavam as suas riquezas. Foram várias guerras de desgaste, algumas ao mesmo tempo que fez com que o Império Romano desmoronasse. Ora, a América apesar de não se poder chamar de Império, tem algumas semelhanças com os Romanos, de facto é a nação Suprema do nosso mundo nenhum país poderá comparar-se a tal Super-Potência em termos económicos, mas principalmente, militares. A sua cultura corre mundo e influencia tudo e todos. Alguns dissem que isso é mau outros dissem que é um dos factores para a globalização, são opiniões. A complexidade da sua diplomacia também faz lembrar o Império Romano com os suas alianças de conveniência e parcerias e quem lhes faz frente enfrenta uma derrota demolidora, seja económica, politica ou militar! Ora depois da queda de outro gigante (União Soviética) nos finais dos anos 80, podemos dizer que a América encontrava-se no seu auge, nada nem ninguém lhes podia fazer frente, parecia que iria durar mil anos, mas a 11 de Setembro de 2001 o ataque ás Torres Gémeas veio mudar tudo! A América descobriu que ainda tinha inimigos que lhe podiam fazer mal. Ironicamente o ataque foi perpretado numa altura em que a politica da Casa Branca em relação á politica externa iria ser de contenção e não de expansão( tipo:”o que nos interessa lá fora está controlado o resto que se entenda, que nós vamos ficar por aqui a resolver os nossos problemas”), talvez sabendo a total inexperiência, ignorância e total falta de diplomacia dos republicanos e seu Presidente. No entanto, o ataque terrorista veio mudar tudo, os “falcões” aproveitaram par mudar radicalmente a politica externa, afinal havia inimigos que os podiam magoar! Começaram pelo Afeganistão( essa parte concordo, se uma nação alberga terroristas que atacaram o meu país e ainda por cima protege-os de forma descarada e já tinham dado mostras mais que uma vez que a diplomacia não resultava com eles, então era hora de passar para as armas), a maior parte da opinião mundial concordou, apesar de algumas vozes contra, principalmente de partidos-de-esquerda-que-foram-comunistas-mas-agora-já-não-eram-porque-agora-não-dava-jeito.

     
  • At 7:15 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    PAX AMERICANA=PAX ROMANA? Parte 2

    Mas foi no Iraque que eles cometeram os maiores erros. Desde a sua falta de capacidadede arranjar aliados convincentes e pôr a opinião mundial a seu favor, até subestimar a resistência dos opositores neste país. Resultado: o crédito da América na opinião mundial nunca esteve tão baixo, a economia americana tem que aguentar uma guerra de guerrilha pelo menos a médio prazo (não tem as mesmas proporções que o Vietname, mas está a causar muitos problemas á mesma) e que obriga a ter uma força de militar de mais de150 mil homens! Agora juntem a isso, uma crise petrolifera como nunca vimos, uma recessão económica mundial e claro...não vamos esquecer terroristas árabes que usam como desculpa a politica agressiva da América para fazer os seus actos de pura barbárie pelo mundo de forma a pressionar o mundo a aceitar os seus valores fundamentalistas! Podemos concluir que o Satus Quo se encontra em perigo. Imaginemos agora que a Coreia do Norte-que se encontra numa crise desesperante há anos- entra em ruptura. Pode acontecer 2 coisas: Pode implodir, ou seja os acontecimentos acontecem apenas no país e entra em periodo de revolução o que irá afectar apenas esta Nação. Mas pode acontecer outra coisa pior, que é explodir! Aí, num acto de desespero e fuga para a frente escolheria atacar a sua vizinha muito mais rica, a Coreia do Sul. Os E.U.A. seriam obrigados a ter que ajudar o seu aliado, numa guera muito mais sangrenta que a do Iraque e não estou a contar com as armas nucleares! Talvez tivesse o apoio do Japão e a Inglaterra mas o resto das Nações suas aliadas provavelmente assobiavam para o lado e diziam: “é a vida”e não faziam nada pois estavam a braços com uma grave crise económica. A América viria-se a braços com 2 guerras, em 2 sitios completamente diferentes em 2 áreas longiquas e com 2 tipos de estratégia diferentes(Guerrilha/Convencional) . A pressão na economia, na sociedade e na força militar seria enorme! Agora, para piorar ainda mais as coisas, a China apercebendo-se da vulnerabilidade da América faz uma coisa que há muito tempo lhe apetece...atacar Taiwan! Não se pode dizer que eu estou a imaginar coisas. Há poucos meses o Partido Comunista Chinês aprovou uma resolução em que autoriza a usar todos os meios disponiveis, incluindo a força, para voltar a unir Taiwan á China! Pode-se dizer que eles só estão á espera da melhor altura para atacar. Logicamente a América teria que ir em socorro de Taiwan. Então ficamos com uma América á beira da ruptura, pois ninguém aguenta 3 guerras ao mesmo tempo, e com perigo de desagregar-se mesmo dentro das suas fronteiras, lá se vai a PAX AMERICANA! Pode não ter durado tanto tempo como o Império Romano, mas não podemos esquecer que dantes as épocas eram marcadas através de séculos e agora é através de décadas,pois as coisas acontecem muito mais depressa! Parece giro não é? Mas a algo que pode tirar o gozo á coisa. Lembram-se o que aconteceu a seguir á queda do Império Romano? A Idade Média! Agora imaginem o que pode acontecer a um mundo que está completamente interligado e a sua maior peça cair! Não há-de ser nada de bom....

     
  • At 8:00 da tarde, Blogger Cão com Pulgas said…

    Na lógica dos vossos posts, o George W Bush deve ser então um Nero ou um Calígula.

     
  • At 8:31 da tarde, Blogger Cão com Pulgas said…

    Ainda bem que falam da Idade Média.
    Em média, as últimas guerras do não-sei-se-não-é-um-império-americano, levavam meses a estarem resolvidas. Meses de pura diversão e testes de novos armamentos e já está! sacode a poeira das mãos e lá volta o yanque para a terrinha dele. A tempestade no deserto aconteceu em menos de um fósforo! Já a guerra do Iraque, prevê-se que demore 12 anos a terminar. Ora meus caros Nunos Rogeiros, isto para mim é um retrocesso. Onde é que estão as guerras cirugicas? Não estão.

    Ainda bem que falam da China.
    A China foi o país escolhido para acolher os próximos jogos olímpicos, numa tentativa de comprar os chineses, ou pelo menos a paz com eles. Depois, por razões económicas, não convem mesmo nada molestá-los. O maior credor da dívida externa americana é precisamente a China. Se a humanidade continuar a escolher para organizar olimpíadas países que não respeitam os direitos humanos, não se admirem que lá para 2100, os jogos se realizem em Kabul ou em Jacarta.

    Ainda bem que falam na possibilidade deste império se desmoronar a partir de dentro. Desejo-o com tanto fervor que nem calculam. Primeiro, porque todas as ditaduras devem ser derrubadas por quem tem legitimidade para o fazer e não por forças externas. Quero com isto dizer que não se deve impôr uma dívida a nenhuma nação. A gratidão depressa dá lugar a ódio e a dignidade de um povo perde-se para sempre nos anais da história. O Iraque nunca mais será o mesmo. A maior mancha no seu curriculum como país é dever a sua pseudo-liberdade aos camónes.

    Ainda bem que falam de fundamentalismos.
    Nos EUA existem centenas de seitas religiosas cristãs. Fruto da própria organização social que remonta ao tempo dos colonos. Ainda temos os puritanos que queimaram mulheres em Salem. Estão nos círculos de poder e nos negócios menos católicos que se conhece, armas e petróleo. Mas também estão nas organizações políticas extremistas do sul, no Klan e na Nova Ordem. A américa está a apodrecer por dentro. Os americanos começam a ter vergonha. desafio-vos a ir a Lisboa e procurar turistas americanos. Não há. Há canadianos com fartura. Canadianos do Massachussets e da Califórnia, se é que me faço entender. Um destes dias nem esses têm coragem de enfrentar o mundo. A sua influência é abstrata e resume-se a Hollywood e pouco mais.

    Ainda bem que falam de crise. A crise que os americanos não sentem, mas que sentem os europeus no lugar deles e por culpa deles e das suas guerras.

    Ainda bem que falam na globalização. Já todos percebemos que os aspectos positivos de vivermos em mundos culturalmente semelhantes, são os primeiros a cair como o tratado de Kioto ou o desenvolvimento sustentável.

    Ainda bem que falam de tudo isto. E ainda por cima falam bem.

    Ainda bem que falam. Haja quem fale...

     
  • At 8:56 da tarde, Blogger Papa Ratzi said…

    Ainda bem que fizeram comentários tão inteligentes. Parabéns. Gostei muito.

     
  • At 12:04 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Gostava de ver comentários destes em blogs Chineses, Cubanos ou mesmo até( perdoem-me a ousadia) na Coreia do Norte ou no Irão! Agora nos E.U.A. e no resto da Europa há ás carradas! "Que a democracia está podre!" "Que os gajos são corruptos!" "Que o Imperialismo está de volta ou que nunca se foi embora!" "Que a globalização faz mal ao espirito e ás caries!" Etc...O certo é que aqui podemos dizer o que queremos, enquanto que em certos sitios nem um peidinho podemos dar!
    Os E.U.A. estão mal? Nem imaginam o quanto! O estupor do Bush pegou num país que representava a liberdade (acreditem se quiserem) e deturpou completamente o "sonho"! A própria democracia começa a ficar ameaçada exatamente no sítio onde nasceu? Concordo em absoluto! Mas ainda tenho esperença de que aqule estupor saia da Casa Branca e ainda se consiga salvar alguma coisa!
    P.S.-Alguém recebeu um mail com uma listagem de milhares de nomes e fotografias de Americanos a pedir desculpa pelo Bush ter ganho? Eu recebi! Isso é democracia!

     
  • At 12:39 da manhã, Blogger Unknown said…

    Quando olho para a cara do Kim Jong-Il, mete medo. O gajo é louco.
    Lobo Mau, o cenário que prevês não é nada aberrante. Antes fosse...

    Os americanos estão a (des)gastar o planeta terra.

     

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