Kefir

Sempre achei intrigante o fenómeno da cultura de bacilos em copos de iogurte. No tempo em que vivia em apartamentos de estudante, pude levar a cabo algumas experiências em panelas com restos de comida, mas não há nada como o leite para fermentar. Mais mesmo que a cerveja que fica no estômago no dia seguinte à besana.
Quando aderi à moda do Kefir, estava convencido que a minha vida ia melhorar. Disseram-me que aquilo fazia bem à saúde. Mas a verdade é que quando aquela coisa começou a crescer, a minha vida tornou-se um inferno.
Depois de reclamar para si a cozinha, seguiu-se a casa de banho, a sala e, por fim, o quarto. Hoje durmo num armário da despensa, sempre com medo que o Kefir me apanhe. Sonho de noite que estou a passear o Kefir no jardim, (porque aquilo precisa de muita atenção, é como um cão) e ele se vira a mim à dentada. Tem noites que o ouço no corredor de um lado para o outro a devorar maples e escrivaninhas. Acreditem, não dá saúde nenhuma viver atemorizado por uma pasta branca e viscosa. É como se o esperma do quartel de Santa Margarida inteiro vivesse na nossa cola.
É um nojo!