Herói de guerra

Há 65 anos a Europa estava mergulhada na guerra há já alguns meses. Corria o ano de 1940 e as tropas nazis pareciam imparáveis, sempre vitoriosas tomando país após país. A velha Europa desmoronava-se como um castelo de cartas.
Portugal mantinha-se na sua posição neutral apesar das simpatias que Salazar não escondia em relação aos fascistas. O seu sistema era similar e até tinha enviado anos antes os Viriatos para combater em Espanha do lado de Francisco Franco. Nos últimos dias muito se tem dito acerca da resistência ao fascismo.
Faz hoje 65 anos que um português escreveu o seu nome na história. Foi um herói de guerra sem ter utilizado uma única arma. O cinema imortalizou Oscar Schindler que salvou do extermínio 1200 judeus. Não lhe querendo diminuir o valor e coragem tenho-vos a dizer que se fosse uma questão matemática este português valeria por uns vinte e tal Oscar Schindler.
Faz hoje 65 anos que o consul português em Bordéus, França, começou a passar vistos de entrada em Portugal para milhares de refugiados que fugiam do avanço nazi pela Europa. Contra as ordens de Salazar, Aristides de Sousa Mendes passou durante dias a fio a assinar os vistos que permitiam aos refugiados entrarem no nosso país para que depois pudessem ir para os Estados Unidos. Durante vários dias a partir de 16 de Junho de 1940 assinou 30 000 vistos salvando outras tantas pessoas em fuga que se acumulavam frente à representação diplomática de Portugal em Bordéus e depois em Baiona.
Salazar não gostou e foram retiradas as credenciais diplomáticas a Aristides de Sousa Mendes. Ele viria a morrer no exílio em França e na miséria durante os anos 50.
Quando se fala de heróis de guerra não tem necessariamente que se falar de homens de armas.