Fenomenos Luso anormais II

-Pensar que quando se muda de direcção para a direita, não é preciso fazer pisca - Por alguma razão, os portugueses instituiram esta regra e aplicam-na à séria. Na aproximação a um cruzamento onde outros veículos esperam para entrar, esta regra provoca sempre reacções calorosas com "filho da puta, havias de morrer sidoso".

-Pensar que quando estamos dentro do carro é como se estivéssemos em casa - No outro dia apreciei um cavalheiro que coçou a orelha com o mindinho, com o polegar retirou um agrião de entre os molares. Roeu a unha do anelar, que cuspiu para o tabliê, e depois, com o indicador, extraiu um grande burrié que contemplou com ternura, antes de o enrolar numa bolinha.

-Pensar que os assentos do carro são manequins de alfaiate - O marido da porteira do meu prédio tem um Opel Corsa que parece a passerele do Moda Lisboa. Os bancos da frente vêm vestidos num estilo muito casual. Ela de t-shirt serigrafada com a palavra Algarve, traz uma mochila em lona à tira-colo. Ele, num elegante colete reflector em tons de amarelo, traz um lenço à Xutos no encosto de cabeça e pelas costas um blaser da Maconde. Ah, e a bandeira do Benfica.

Quando se põe a pensar, o português, é um povo lindo.