Caga Sentenças

Todo o Português caga a sua sentença. Neste espaço venho deixar a minha poia.

segunda-feira, maio 09, 2005

Reno dos Céus

Fui ontém ao cinema ver o "Reino dos Céus". Não creiam que fui a um qualquer cinema convertido em templo da Igreja Universal do Reino de Deus. Fui de facto ver um filme.
Este novo filme de Ridley Scott pode-se classificar de épico ecuménico com litradas de sangue a condizer. Épico porque representa aquele periodo glorioso da intolerância religiosa e cultural que foram as Cruzadas. Bons velhos tempos... Ecuménico porque tem uma visão tolerante em relação aos outros povos e respéctivas religiões e culturas.
Fez-me recordar que não só agora os nossos correram mundo cheios de boas intenções para dar aos infiéis os nossos valores e retirar-lhes os seus recursos. Nem que seja à força.
Hoje pela força da guerra cirurgica, dos aviões invisíveis e dos directos de televisão do topo de hóteis em paragens exóticas exportamos a democracia como em tempos exporámos a fé. Afinal há que civilizar os bárbaros e dar-lhes a conhecer o seu lugar no mundo.
Hoje, como ontém, os senhores que mandam neste planeta fazem um excelente serviço para que se tenha a certeza que assim nunca haverá paz.
Afinal a guerra cria postos de emprego.

1 Comments:

  • At 9:42 da tarde, Blogger Cão com Pulgas said…

    A Guerra não é para meninos, é para homens de negócios!
    E é um bom produto, acreditem. Cada arma vendida é a garantia de futuros clientes. Quando um país recorre ao armamento, há sempre outro que responde da mesma forma. Quando um país chacina outro, aparece sempre um terceiro a castigar violentamente. Cada arma vendida morre com o seu utilizador. E cada utilizador que morre, é substituído. Logo, poderemos construir armas de acordo com a taxa de natalidade mundial, sendo que África está fodida.
    Cada arma que dispara, senão para matar, pelo menos para não morrer, precisa de ser recarregada. Na morte são disparados salvas. Na vitória, tiros para o ar. Assim, se não queremos atingir inocentes, sejam eles quem forem, devemos comprar sempre o melhor e o melhor está sempre para vir. Mais morte, mais devastação, mais orfãos, (mais João Paulo Pedrosas).
    Por isso esta indústria floresce. Da mesma forma que os construtores de automóveis, os construtores de morte empregam mão-de-obra, fazendo refém um país em troca de alguns postos de trabalho. Mas a Indústria das armas também aposta na inovação, na qualidade, no baixo-preço e na eficácia dos seus produtos. Também promove as novidades, também vai a feiras e faz demonstrações. Para quem não restem dúvidas e o cliente ficar satisfeito, realizam-se mesmo Test Drives. O Iraque, o Afganistão e brevemente a Síria ou o Irão, são disso um exemplo.
    E depois há a publicidade em prime-time, na CNN, na SKY e até mesmo na Al-Jahzeera. Nada vende melhor a um consumidor assustado com a criminalidade do seu país como um anúncio-demonstração. Pensar que a espingarda que fura a cabeça de um árabe terrorista também mata os pretos ou os hispânicos que nos querem roubar a casa, as mulheres e os empregos, pode ser reconfortante. As imagens de guerra vendem armas como pãezinhos quentes. Não admira que se usem termos como "senhor da guerra". É preciso ser um senhor para levar a cabo um genocídio, seja ele na Libéria, nos Balcãs ou no Médio Oriente. A Guerra e o dinheiro que ela gera cria amigos que são inimigos e vice-versa e de cada vez que este estado de graça muda, compram novas armas no revendedor do costume, mesmo que ele seja nosso inimigo.
    Só há uma indústria mais obscena que a das armas, é a do petróleo e isso ainda vai ditando quem deve e quem não deve ser abatido.
    O mapa mundo é um stand e o Bin Laden é um vendedor de automóveis. Americanos.

     

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