O império contra-ataca

Celebra-se este ano o sexto centenário do inicio da primeira expedição marítima de Zheng He. Zheng He? Quem raio foi ele? Por breves palavras foi um escravo eunuco e muçulmano do principe e futuro imperador Yong Le. De escravo ascendeu a Almirante dos Mares Ocidentais tendo liderado sete expedições marítimas, percorrendo o Sudeste Asiático e todo Oceano Indico. Morreu aos 62 anos, pouco depois da corte chinesa decidir acabar com estas expedições sob o pretexto do seu grande custo. Pudera, a primeira delas, em 1405, tinha somente 62 embarcações! Com estas expedições foram estabelecidas relações diplomáticas e comerciais com outros povos mas tudo isto acabou. A China era auto-suficiente e não necessitava dos outros para nada. Enquanto eles abdicavam da sua expansão ultramarina e da sua época dos descobrimentos começavam os europeus a cruzar os mares dando novos mundos ao mundo com os resultados que todos nós conhecemos.
Vivia a China o seu momento de explendor, durante a sua ultima dinastia verdadeiramente chinesa, os Ming. O império era apenas o país mais populoso do mundo assim como o mais poderoso de então. Para além de ser a mais avançada civilização da época.
Os Ming foram derrubados pelos invasores manchu e depois vieram os europeus que instalaram colónias e zonas de influência. Finalmente foi proclamada a república, seguiram-se guerras civis e senhores da guerra, Mao Tse Tung, os excessos da Revolução Cultural, a abertura ao Ocidente e as lojas de chineses ao virar de cada esquina.
Hoje há chineses por todo lado. Começamos a vê-los nos seus restaurantes, depois nas suas lojas que lá vão eliminando as lojas dos trezentos. Já se fala na importação de automóveis chineses (Geely), na concorrência nos moldes e por aí adiante. Além disso dominam a economia de países como Singapura, Malásia ou Indonésia. São também uma potência nuclear e agrupam um quinto da população mundial que faz da China a maior aglomeração de consumidores do mundo. Consumidores esses que têm cada vez mais dinheiro.
E produzem a baixo custo e em quantidade. Cada vez mais lhes compramos aquilo que necessitamos, já nos começam a dar emprego e comemos nos seus restaurantes. Aos poucos vão-nos conquistando sem um único tiro.
Acordem, começou uma nova era. O século do dragão.