Campeões

Fui ontem a Leiria. No regresso deparei-me com a festa benfiquista na rotunda junto ao estádio. Quanta alegria, quanto pão e circo.
Os adeptos (ou será melhor chamar-lhes acólitos? A preferência clubística tem muito de religioso. As pessoas acreditam e ponto final) entupiam a dita rotunda não deixando passar ninguém.
Vi ali mesmo toda uma série de situações que justificavam a presença da policia e talvez mesmo do Corpo de Intervenção. Ora vejamos, interromper a via pública é crime. Pelo mesmo motivo na nossa cidade tivemos já diversas vezes a actuação do Corpo de Intervenção que cascou forte e feio nos vidreiros que lutavam pelos seus direitos.
Mas não ontem em Leiria.
Os automobilistas buzinavam furiosamente apesar de na altura que eu lá fui retido já passar da meia noite. Recordo-vos que o uso da buzina serve para avisar em diversas situações e nunca como forma de protesto ou como forma de chamar a atenção sem motivo. Suficiente para a PSP encher ali os seus bolsos em coimas.
Mas não ontem em Leiria.
Finalmente notava-se em muitos desses automobilistas em festa um certo nível de alcoolémia e eles divertiam-se a fazer belos arranques no meio de todo aquele povo. Mais uma oportunidade perdida para a PSP fazer uns belos trocos.
Mas não ontem em Leiria.
É óbvio que este espectáculo deve-se ter repetido na nossa Praceta do Vidreiro. Certamente que tal como em Leiria não houve presença policial, nem que fosse apenas para organizar o trânsito, uma vez que estes festejos já se tornaram uma importante tradição popular. Falta-nos agora esperar pelo dia em que o Benfica (neste caso) seja verdadeiramente campeão, no dia em que acabar o campeonato. E lá vamos assistir ao mesmo espectáculo. Que tenham motivos para festejar compreeendo. Que se fechem os olhos ao civismo não aceito.


Decorreu no sábado passado uma fase do torneio inter-escolas de futebol realizado no Parque Mártires do Colonialismo. Estes sim têm motivos para festejar. Jogaram, e alguns ganharam, sem receber algo em troca. Estes sim, são campeões!